Da direita para a esquerda: a integrante da Comissão de Controles Internos Simone Negrão; coordenador da Coordenação de Monitoramento de Riscos da Susep, Thiago Barata; o ice-presidente do Instituto dos Profissionais de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (IPLD), Angelo Calori, e o diretor Técnico da CNseg, Alexandre Leal
O 12º Seminário de Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos reuniu mais de 300 profissionais na última quinta-feira, dia 21 de setembro, em São Paulo. Tendo como tema desta edição “Governança e Controles Internos em Seguros: Onde estamos e para onde vamos”, o evento, que nas palavras do diretor Técnico da CNseg, Alexandre Leal, “já está consolidado na agenda dos profissionais que atuam na área”, buscou, mais uma vez, abordar questões de grande relevância para o setor.
Ainda de acordo com Alexandre Leal, em sua fala de abertura, representando o presidente da CNseg, Marcio Coriolano, no mundo corporativo, os elementos que compõem a Governança Corporativa tornam-se fundamentais para garantir a sustentabilidade das operações, visto que os investidores, colaboradores, consumidores, clientes e fornecedores buscam, cada vez mais, estar associados a empresas éticas.
Lendo a mensagem do presidente da CNseg, o diretor Técnico da CNseg afirmou que “Estamos progredindo nas melhores práticas nessa área, o que certamente contribui para a transparência, solidez e solvência das seguradoras. Não é por acaso, portanto, que o setor segurador brasileiro atravessou, sem sobressaltos, o período de dificuldades a partir de 2008 e a crise recessiva mais recente”.
Durante a mesa de abertura, ainda foram lançados oficialmente os dois mais recentes livretos do Programa de Educação em Seguros. O primeiro, que aborda a Governança, Risco e Compliance no Setor de Seguros, foi apresentado pela integrante da Comissão de Controles Internos Simone Negrão. Segundo ela, o GRC é uma “abordagem holística e integrada para toda a organização, dos aspectos de de governança, risco e compliance que garante uma atuação ética e de acordo com o seu apetite ao risco, políticas internas e regulamentações externas através do alinhamento da estratégia, processos, tecnologia e pessoas, melhorando assim a eficiência e eficácia”.
O outro livreto, sobre Prevenção à Lavagem de Dinheiro e Combate ao Financiamento do Terrorismo, foi apresentado por Angelo Calori, vice-presidente do Instituto dos Profissionais de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (IPLD), instituição que elaborou a publicação, revisado pela Comissão de Controles Internos e pela Superintendência de Acompanhamento Técnico da CNseg. Segundo ele, o livreto mostra que o tema é viável e é fundamental que seja tratado, não só para atender às demandas regulatórias, mas também por seu aspecto social, “evitando que nossas instituições sejam utilizadas por criminosos, que sempre estão buscando novas formas de atuação”.
>> Confira aqui a matéria sobre os dois livretos
Ainda no painel de abertura do evento, Alexandre Leal chamou ao palco Assizio Oliveira, que recentemente deixou a presidência da Comissão de Controles Internos da CNseg, que comandava desde suas criação, há mais de 12 anos, para homenageá-lo por sua atuação, que, em suas palavras, ajudou a “elevar o nome da Confederação ao que é hoje”.
Prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo
Da esquerda para a direita: o sócio da Mattos Filho Advogados, Thiago Jabor; a diretora de Compliance Latam na Assurant Seguradora, Denia de Moura, e a delegada de Polícia e coordenadora de Combate à Corrupção e à de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Patricia Alemany
O painel seguinte, sobre lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo, contou com palestra da delegada de Polícia e coordenadora de Combate à Corrupção e à de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, Patricia Alemany, tendo como moderadora a diretora de Compliance Latam na Assurant Seguradora, Denia de Moura, e, como debatedor, o sócio da Mattos Filho Advogados, Thiago Jabor.
Em sua fala, Patrícia defendeu a necessidade de uma polícia de investigação com mais qualidade e competência, destacando também a dificuldade de as investigações financeiras atingirem pessoas com poder aquisitivo mais alto. Para ajudar a combater o problema, solicitou que as seguradoras, ao informarem as transações suspeitas aos órgãos competentes, o façam com mais detalhes nos relatórios.
A gestão de riscos integrada aos controles internos e governança corporativa
Da esquerda para a direita: o diretor de Compliance, Riscos, Atuária e M&A da SulAmérica, Reinaldo Amorim; o diretor adjunto da ANS, Cesar Brenha Rocha Serra, e o coordenador da Coordenação de Monitoramento de Riscos da Susep, Thiago Barata
Para trazer a visão dos reguladores do setor sobre o tema, o painel seguinte contou com a participação do coordenador da Coordenação de Monitoramento de Riscos da Susep, Thiago Barata (veja aqui a íntegra da apresentação), e do diretor adjunto da ANS, Cesar Brenha Rocha Serra (veja aqui a íntegra da apresentação), sendo moderado pelo diretor de Compliance, Riscos, Atuária e M&A da SulAmérica, Reinaldo Amorim.
A Susep, lembrou Thiago, vem trabalhando em uma norma que pretende promover uma maior integração entre os Sistemas de Controles Internos (SCI) e as Estruturas de Gestão de Risco (EGR), além de criar a figura do gestor de Conformidade e Controle Atuarial, fortalecendo, assim, as linhas de defesa das seguradoras.
Coincidentemente, a ANS também encerrou recentemente uma consulta pública sobre a adoção de práticas de governança, controles internos e gestão de riscos pelas operadoras de plano de saúde que, segundo Cesar Serra, deve virar norma e entrar em vigor ainda esse ano. De acordo com ele, algumas operadoras ainda precisam evoluir na área de gestão de riscos, razão pela qual, nos últimos anos, mais de 100 dessas empresas foram liquidadas, tendo sido constatado que, em 100% dos casos, havia problemas de controles internos.
O diretor adjunto da ANS também defendeu a adoção de um novo modelo de remuneração de prestadores, que atualmente é baseado na utilização (fee for service), em detrimento dos resultados obtidos, sendo este “o caminho mais realista para a sustentabilidade econômico-financeira das operadoras”, concluiu.
A evolução do profissional de auditoria interna diante do cenário regulatório brasileiro
Da esquerda para a direita: o consultor em funções do Sistema de Controles Internos, Assízio Oliveira; o superintendente de Auditoria Interna da Mongeral Aegon Seguros e Previdência, Eugenio Felipe, e a sócia-diretora da Yluminarh Desenvolvimento Profissional, Ylana Miller
Para discutir a evolução do profissional de auditoria interna, o painel seguinte reuniu a sócia-diretora da Yluminarh Desenvolvimento Profissional, Ylana Miller, como palestrante; o consultor em funções do Sistema de Controles Internos, Assízio Oliveira, como debatedor, e o superintendente de Auditoria Interna da Mongeral Aegon Seguros e Previdência, Eugenio Felipe, como moderador.
Ylana Miller fez uma apresentação sobre os fatores com maior impacto na transformação do mercado de trabalho, que são: a globalização acelerada, as mudanças climáticas e escassez de recursos, as mudanças demográficas, o aumento da individualização, o estilo de vida digital e a convergência tecnológica. E, dentro desse contexto, afirmou que as principais características para um profissional ser bem-sucedido nesse ambiente são: a capacidade de pensar grande e com propósito, a posse de motivação com foco na inovação, a adoção de uma doutrina baseada em valores, a habilidade de trabalhar com a diversidade, a capacidade de identificar oportunidades e fazer parcerias e, por fim, a possibilidade de estar aberto a mudanças.
Concordando com Ylana, Assizio Oliveira afirmou que os auditores internos possuem conceitos muito arraigados e precisam superar certa resistência que trazem frente às mudanças do mundo. Para ele, as diversas crises financeiras e escândalos econômicos ocorridos nos últimos 15 anos levaram as empresas a aprimorarem suas governanças corporativas e os auditores precisam se adaptar a essas mudanças.
Como uma governança efetiva contribui na valorização da sua empresa perante o mercado, investidores e consumidores
A diretora de Governança, Controles Internos e Compliance do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, Simone Negrão, à esquerda, e a diretora Geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Heloísa Bedicks
“O escândalo da Enron foi a virada para as pessoas entenderem o que é a governança corporativa”, afirmou a diretora Geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Heloísa Bedicks, no painel seguinte, que foi moderado pela diretora de Governança, Controles Internos e Compliance do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, Simone Negrão.
Heloísa ainda citou o caso de outras grandes empresas com práticas não tão boas de governança corporativa, como o da fraude na emissão de poluentes por parte da Volkswagen; os escândalos na Petrobras e o vazamento de dados de usuários do Facebook para a Cambridge Analytica, sendo, estes, casos de empresas com “mais aparência que essência”.
Para a diretora do IBGC, os investidores precificam cada vez melhor as empresas com boas práticas de governança corporativa, visto que estas costumam ser muito mais longevas e sustentáveis financeiramente.
E, para complementar, Simone afirmou que não há uma empresa com boa governança sem uma boa liderança, pois “o tom vem sempre de cima“.
O Compliance em um cenário de constante mudança
O gerente de Controles Internos da Bradesco Seguros, Alexandre Correa, à esquerda, e o consultor e expert em Compliance, Ética e Integridade Fernando Caleiro Palma
“Acabou o tempo de se buscar atingir os resultados financeiros desejados a qualquer custo”, afirmou o consultor e expert em Compliance, Ética e Integridade Fernando Caleiro Palma em sua palestra, que foi mediada pelo gerente de Controles Internos da Bradesco Seguros, Alexandre Correa.
Para Fernando, o compliance deve ser feito menos por haver normas específicas para isso ou por ser vantajoso para os acionistas e mais porque é o certo a ser feito. “Precisamos ajudar a promover a integridade em nossas empresas”, afirmou o consultor, para quem uma empresa não ter um programa de integridade corporativa é como “pular de um bung-jump sem corda”.
A ética do brasileiro e suas origens
O professor e filósofo Luiz Felipe Pondé
O 12ª Seminário de Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos foi encerrado com a palestra do professor e filósofo Luiz Felipe Pondé sobre a ética do brasileiro e suas origens.
Em sua fala, ele destacou a existência de três modelos de entendimento sobre o que é ética. O primeiro modelo a vê como uma questão prática, ou seja, a virtude das pessoas – e das corporações - só pode ser percebida por meio das ações práticas das mesmas.
A segunda escola, a deontológica, afirma que algo só é ético quando vale para todos. Por exemplo: se uma pessoa mora em uma casa onde todos lavam a louça e ela não lava, essa pessoa não é ética.
Já o terceiro modelo entende que só é ético aquilo que gera bem estar para o maior número de pessoas.
Ele afirmou que os brasileiros têm dificuldade de agir de acordo com normas formais pré-estabelecidas, além de possuírem uma tendência de querer privatizar o público. “O brasileiro tem dificuldade com a ética deontológica, que entende que as normas e condutas devem ser pautada a todos”, concluiu.
>> Clique aqui para ler o release sobre o evento enviado para a imprensa