O que é ética? O que estamos fazendo, realmente, sobre ética? Como conciliar a ética com o lucro das organizações? Esses foram alguns dos questionamentos debatidos em um dos painéis do 13º Seminário Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos, que acontece paralelamente à 9ª CONSEGURO, nos dias 4 e 5 de setembro, que abordaram temas ligados “às novas fronteiras do desenvolvimento”, composto por Caco Barcellos, repórter e escritor, e Richard Fonseca, consultor e professor de Ética da Universidade Federal Fluminense. O painel foi mediado por Luis Gutierrez, CEO de Seguros da Mapfre.
Ambos palestrantes apontaram dilemas e conflitos complexos envolvendo a ética. Caco Barcellos questionou a desigualdade social do Brasil, um dos países mais violentos do planeta, com 65 mil pessoas mortas por ano. "Somos economicamente um país injusto, com 71 mil pessoas endinheiradas e 107 milhões de pessoas na linha da pobreza. Neste sentido, falar de ética é algo importante como um caminho para tentar mudar tal desigualdade".
Mas, afinal, como as corporações podem contribuir com a mudança da cultura de desigualdade, que acaba por tirar a ética da prioridade humana? Para Richard, a ética é a espinha dorsal de programas de compliance e de integridade e precisa ser estimulada por líderes. Richard usou o livro do economista Eduardo Gianetti da Fonseca “Vícios privados, benefícios públicos”, no qual relaciona ética da economia de mercado ao crescimento econômico. Segundo o professor, a ética surge a partir de problemas na humanidade, que se refletem nas empresas. "A questão é que se chegarmos em qualquer conversa de botequim ou mesmo numa organização, e perguntarmos como está o Brasil, todos vão dizer que está ruim em consequência da corrupção. Mas se perguntarmos se ele é corrupto, vai dizer que não. Ou seja, o corrupto é sempre o outro, não eu, o que requer mais consciência e entendimento da cultura social e empresarial".
Então, como mudar? "É preciso entender quais são os problemas para poder agir na disseminação da ética, que pode ser estimulada tanto pela punição como pelo exemplo", frisa. Richard ressalta o respeito e a coerência aos princípios dos líderes para que a cultura da ética seja realmente um exemplo de disseminação dentro da empresa. “As regras da empresa têm de valer para todos”.
Todos concordam que o papel do líder é fundamental para determinar a cultura da empresa. Um dos conselhos do mediador é ter líderes que inspiram. “Líderes viram farol para o bem e para o mal. Temos de ser coerentes. Pensar e falar a mesma coisa, com atitudes que reflitam a nossa verdadeira fala. Cada um de nós é responsável por criar um sistema sob bases éticas”, sentenciou Gutierrez. Caco Barcellos concorda: “A credibilidade não se constrói com um furo jornalístico. Se constrói com a ética”.